Meu nome é Brenda,tenho vinte anos e sou uma maníaca depressiva.
Sempre fui uma pessoa confusa,contraditória,que tinha muitos sonhos e daqui a pouco não tinha nenhum.
Sempre bati na mesma tecla: Quem eu quero ser? Quem eu sou? Bem ou mal?
No ano 2003 minha avó faleceu,vítima de diabetes e de outras complicações. Minha família enlouqueceu,e nessa época eu mostrava os meus primeiros sinais de depressão.Me levaram a uma psicóloga,eu não achei nada,sentia que não precisava de uma.
Durante muito tempo eu vesti minha camisola verde de gatinho,apaguei a luz do meu quarto e chorava. Ligava o rádio e ouvia músicas bonitas. Em momentos de desespero eu deitava no chão e chorava,tanto que chegava a doer o peito,era uma dor interna.
No ano seguinte perdi uma outra pessoa da minha família,essa muito importante,pois era como se fosse minha mãe.Nada mudou,eu continuava a sofrer do mesmo jeito. Nesse ano eu mantinha relações virtuais,por celular mesmo,porque internet eu não possuia ainda. Foi quando descobri que eu era bissexual.
A partir dai me apaixonei diversas vezes,garotas,garotos,sem falar de um menino que eu gostava muito,que eu considero o meu primeiro amor.
No ano seguinte mudei de escola,estudava em uma particular,onde eu sofria bullyng direto,e fui para uma pública,onde no primeiro ano eu me dei super bem,as pessoas me achavam diferente e divertida. Mas nem sempre foi assim,depois a passei a ser o de sempre: A estranha e anti -social.. Nessa época me apaixonei por uma garota,esse sentimento durou três anos,nós ficamos algumas vezes e foi maravilhoso.
Eu odiava a escola,sofria diariamente andando por aqueles corredores. Meus colegas muitas vezes na educação física e eu andando pela escola chorando e disfarçando para ninguém ver. Eu amava alguém e esse alguém não me amava,era indiferente,eu sofria por exatamente tudo na minha volta.
Na minha família,tudo sempre foi um caos,brigas,incompreensão e gente louca. E tudo isso só contribuia para me deixar mal.
Ano 2006,me envolvi com pessoas ruins,e descobri que tinha transtorno bipolar. Eu estava na adolescência,tudo era novidade e alegria. Colegas novas na escola,e eu havia gostado muito de uma,ficamos amigas. Logo ela me apresentou outras pessoas. Essas pessoas me fizeram mal,acabei em encrenca por causa delas. Foi nessa época que eu passei a frequentar uma psicóloga e uma psiquiatra. Que me encaminharam para um hospital para fazer um exame,onde eu deveria responder muitas perguntas,perguntas dificeis,pois mexiam com a minha memória também. Resultado do exame: Transtorno maníaco depressivo.
Sim,não era só uma depressão,eu tinha um transtorno,e passei a me tratar.
O tratamento não ajudou muito,e eu ficava cada vez pior. O que me ajudou foi o tempo,o amadurecimento. Larguei os remédios,os médicos e estou por minha conta,prefiro assim.
Já tentei suicídio duas vezes. Em uma dessas tive uma overdose de comprimidos,eu devo ter tomado uns 30.
Na outra cortei o meu pulso,e só parei porque o sangue não me deixava enxergar o buraco para continuar cortando.
Nunca tive vínculos de amizades. Bom,talvez na infância. Todas as amizades que tive na vida não duraram,ou por minha causa,ou porque ninguém queria ser meu amigo mesmo. Já fui vítima de preconceito e já fui tachada de louca,psicótica,o que me deixava muito triste. Hoje nao ligo se falam essas coisas,eu aprendi a lidar.
Houveram pessoas que eu quis me aproximar para ser amiga,mas não me deram uma chance,porque já sabiam do meu ''histórico de louca''.
E até hoje eu ainda não sei quem eu sou. Mudo de ideia,sentimentos muito rápido,sorrio e choro em questão de segundos,e assim eu levo a vida.
Tem dias que eu acordo me sentindo um lixo,outros me achando foda.
Outros acordo sendo a garota mais fofa do mundo,logo eu mudo e me torno a mais azeda.
Não consigo ser e nem levar uma vida normal,porque por mais que haja algum disfarce,a sindrome me acompanha.
O pior são as marcas que ficaram. Já sofri demais,e eu não consigo superar todas essas coisas. Tenho dificuldade de esquecer.
Eu aconselharia qualquer pessoa a iniciar um tratamento,é sempre o melhor. Eu sou desacreditada,a pessoa mais pessimista do mundo. Não acredito em felicidade,que as coisas possam ficar bem.
As coisas ruins estão sempre presentes.
Eu não consigo enxergar futuro,me sinto uma fracassada,pois estou sempre no mesmo lugar.
Nas crises de mania,eu falo muito rápido,me sinto poderosa e na minha mente sou capaz de fazer qualquer coisa. Ninguém pode me deter.
Nas crises de depressão,o próprio nome já diz,sinto depressão,e é exatamente o oposto da crise de mania.
Muitas vezes gosto da crise de mania,porque é ela que me faz experimentar a felicidade,mesmo que artificialmente e passageira. Porque com ela posso ser tudo o que eu quero ser,mas que a depressão me impede,
Frase que qualquer bipolar mais ouve: Você precisa se ajudar. Acredite,é o que mais nós fazemos,mas é algo que já está em nosso ser. Só possuindo a doença para saber.
Eu não mudei muita coisa os dias atuais,apenas estou mais madura,mais cuidadosa comigo e menos inconsequente. Tenho medo de passar por certas situações novamente,por isso eu as evito.
Não vejo forma de me ''consertar'',me sinto estragada o bastante,incorrigivel. Mas quem disse que eu quero me consertar?
As vezes sinto que não sou desse mundo,deliro demais,tenho pensamentos fora do comum,e penso em fazer muitas locuras. Sou doente porque tenho pensamentos doentes. Por ser muito soxinha,adoro interpretar personagens,falo sozinha e interpreto,coo se estivesse com alguém.Vejo personagens nos filmes e quero ser igual.
Ser bipolar nada mais é do que a arte de querer ser tudo e não ser nada.
Bipolar
22:04 |
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